• percursofreitaPercurso na Serra da Freita
  • Quem disse que os sábados são todos iguais? No dia 7 de dezembro do ano da graça de dois mil e treze, o ANDAR, contrariou essa afirmação.
  •  
  • O dia estava quente e sem nuvens, o céu de um azul profundo. Quando a leve brisa soprava, conseguia-se cheirar os ricos odores da carqueja e da terra, misturados com tojos e ervas rasteiras.
  • O monte projetava-se por cima do denso emaranhado de floresta rasteira, erguendo-se solitário, deixando ver ao longe as montanhas num azul acinzentado, tocadas pela geada noturna e mescladas pelo sol numa paleta infinita. A vista do topo do monte era abrangente, mas o que atrai era a grande torre que emergia ereta da terra, no fim da grande cicatriz aberta pela força das máquinas. Diante dos nossos olhos o monstro de betão, silencioso, com uma altura de cerca de 50 metros, espiava os nossos passos e brincadeiras, outros tempos virão, em que espiará para nós o estado do tempo e a sua evolução e antecipará os fenómenos meteorológicos extremos (chuva, vento, neve, granizo).
    O O que é bom, nós poderemos assim realizar caminhadas com mais segurança metrológica. Enquanto isso não acontece vai marcando a paisagem sobranceira à aldeia da Castanheira e todo o planalto da serra da Freita. O radar, situado num ponto estratégico com vista para o oceano atlântico, aproveitando a circunstância da nova estrutura possuir um campo de visão privilegiado, foi instalado no topo da mesma um miradouro. Esse espaço será criado a cerca de 40 metros do solo, constituindo-se como mais um ponto turístico a integrar a rota dos destinos obrigatórios do Geoparque. Estamos sobre o pico do Gralheiro. Daqui o mar está ao alcance do olhar e fica mais perto.
  •  
  • Depois das boas vindas deixadas aos presentes, partimos encosta abaixo na direção da aldeia da Castanheira. A aldeia ficava mesmo no fim da encosta. O caminho descendente faz-se por um trilho cravado na vegetação rasteira, íngreme e pedregoso, coberto de pedras desprendidas do subsolo. A vegetação chegava à altura do peito e o sol não conseguia penetrar no solo, deixando este húmido e de longe em longe via-se pedaços de gelo que ainda não tinham passado ao estado seguinte. O estreito trilho que seguíamos rapidamente fica ladeado por um muro de pedras soltas cinzentas e desgastadas, com musgo que crescia sobre as pedras. Parecia que ninguém andava por ali há muito tempo, mas a sua presença atestava a proximidade de um núcleo rural. Era a primeira aldeia que tinha visto desde que subimos ao monte. O ar estava rico com os cheiros da terra e das folhas. Havia algo de selvagem apesar de estarmos próximos de um dos mais visitados locais da serra da Freita: as pedras parideiras. Circundando o lado contrario ao acesso propriamente dito, encontramos toda a zona do fenómeno com uma estrutura de passadiços de madeira em forma de socalcos para que tudo possa ser visto como deve ser e não como no passado em que se encontrava com uma rede de proteção, por suscitaram tanto interesse a quem por ali passava que começaram por leva-las em quantidades tais que foi necessário proceder à vedação do local de forma a evitar que estas desaparecessem.
  • Com a criação do Geoparque, foram valorizados todos estes fenómenos. Falando um pouco mais deste fenómeno geológico bastante raro no mundo e único no nosso país. Referenciada pela primeira vez em 1769 no “Diccionario Geografico”, da autoria do Padre Luís Cardoso, onde é descrita como [...] pedras que lançam outras pedrinhas pequenas em certos meses do ano, ficando-lhe as covas depois de as lançarem, e nas mesmas se vão criando outras para o ano seguinte [...]” tendo por base os relatos dos habitantes da aldeia da Castanheira, que se referiam a esta rocha como a “pedra que pare pedra”.
  • Popularmente conhecidas por Pedras Parideiras, os geólogos designam estas rochas por Granito Nodular da Castanheira, devido à sua textura nodular e à sua proximidade à aldeia da Castanheira. Este granito formou-se há cerca de 320 milhões de anos e ocupa, na atualidade, uma área com cerca de 1 km2. É diferente dos outros granitos que se conhecem devido à presença de uns nódulos negros, que se apresentam bastante achatados e com dimensões que variam entre os 1 a 12 cm de diâmetro. A constituição destes nódulos tem por base os minerais da rocha granítica: externamente são formados por uma capa de biotite (mineral de cor negra) e internamente por um núcleo composto por minerais de quartzo e feldspato (minerais de cor branca acinzentada). Porém, esta rocha possui associada a ela um misticismo muito próprio, relacionado com a pretensa fecundidade associada à libertação dos nódulos negros, como se de um ato de criação se tratasse. Por ação da erosão, em grande parte provocada pelo calor no verão e pelo frio gélido no inverno, os nódulos vão-se libertando e acumulando no solo, deixando uma pequena concavidade na rocha granítica de onde se libertaram. Contrariamente às crenças populares, cada nódulo é único, não se reproduzindo outra vez e do local de onde estes se destacam nenhum outro sairá. Por tal razão, a remoção e pilhagem destes nódulos, pelos visitantes, ameaça diretamente este património geológico singular. Pela sua raridade, elevado valor científico e didático e também interesse turístico, as Pedras Parideiras foram inventariadas e classificadas pelo Arouca Geoparque como geossítio de relevância internacional, reconhecido pela UNESCO. A Câmara Municipal de Arouca, preocupada em proteger e divulgar este património adquiriu uma antiga casa à entrada da aldeia da Castanheira, construída maioritariamente com o granito nodular da Castanheira. Essa aquisição teve como objetivo recuperar e valorizar este geossítio, dotando-o com uma infraestrutura de informação e interpretação deste fenómeno, valorizando o seu potencial científico e cultural. Inaugurada a 3 de novembro de 2012 a Casa das Pedras Parideiras disponibiliza um conjunto de áreas de visita: um centro de informação e divulgação turística deste geossítio e do restante território do Arouca Geoparque e um auditório que nos leva numa viagem a 3D desde os primórdios da Terra até à atualidade da região, os visitantes podem de uma forma simples compreender os mistérios das Pedras Parideiras e a importância em preservar estas rochas. Fora de portas ainda temos as infraestruturas exteriores. Nestas podem ser observados os afloramentos rochosos de Pedras Parideiras, tanto no afloramento coberto (situado na área contígua ao auditório) como no clássico afloramento a céu aberto, percorrendo os passadiços em madeira, que permitem ainda contemplar as belas paisagens da Serra da Freita. Como forma de promover a região e os seus produtos há ainda uma pequena loja onde podem ser adquiridos produtos locais como doces regionais, artesanato, compotas e licores, entre outros.
  • Perdemo-nos, nos encantos das pedras parideiras e exploramos cada centímetro do espaço, quer interior, quer exterior.
  • A aldeia não é grande. Em alguns locais vesse o abandono de algumas habitações e currais onde outrora a vida era pujante, agora só restavam algumas pilhas de pedras manchadas de líquenes e telhados abatidos pelo tempo. Os telhados de xisto têm tendência a desaparecer e serem substituídos pela telha de barro, mais leve. Isto é uma aldeia típica onde ainda vai resistindo a raça humana. O contrário de outras onde só resistem pedras e madeira apodrecida.
  • Ao percorrer os caminhos sentimos a imensidão e grandiosidade da paisagem que se nos apresenta, pontuada pela pequena aldeia ladeada por terrenos hortícolas, muitas vezes parecendo aprisionados por muros de pedra solta. A ribeira da castanheira é o limite dum local quase sagrado; mesmo ali, no coração de um planalto que se ergue em seu redor e quase se podia sentir os deuses antigos a observar a nossa passagem com um milhar de olhos invisíveis. A ribeira corre o seu curso natural e mais a jusante faz as delícias dos amantes do canyoning com a sua cascata equipada para a prática do mesmo. Mais abaixo, mistura-se nas águas frias do Caima, levando as mensagens do silêncio até ao mar.
  • Passamos a pequena ponte de pedra natural, corroída pelo vento.
  • O caminho ascendente revelou-se um trilho estreito, e profundamente sulcado pelas carroças dos agricultores que faziam as suas lides diárias utilizando um íngreme trilho pedregoso escondido no interior da encosta. A maior parte era natural, mas aqui e ali tinham sido esculpidos pela mão do homem. Era um trilho bem vincado na vertente nua. A vegetação rasteira e pouco vasta, ainda a recuperar do último incêndio não dava a proteção do sol que ia alto e impiedoso. O calor deixava a pele húmida e obrigava a retirar mais uma peça de roupa.
  • Durante um longo percurso mantivemo-nos no trilho, seguindo as suas curvas e contracurvas enquanto serpenteava ao longo do flanco da montanha, para cima, e para baixo. Por vezes, a montanha dobrava-se sobre si própria. Chegamos ao cimo desta pequena elevação que guardava a aldeia da Castanheira, entramos no traçado do PR 7 escarpas da Mizarela. Para mim um daqueles trilhos que esconde os segredos do geoparque. A Frecha da Mizarela, as paredes de escalada de cabaços e o pequeno trecho de escarpas xistosa mais bonita da Freita. No aspeto geológico a linha onde se dá a passagem do xisto para o granito. Esta passagem é como se fosse uma linha de fronteira, onde o granito dá lugar ao xisto. O xisto sendo uma rocha sedimentária e mais mole torna-se mais escorregadia. O granito por seu lado uma rocha ígnea, mais dura e áspera, boa para a pratica da escalada, mais adiante falamos sobre isso.
  • Chegamos a um local onde um grande bloco branco de quartzo jazia junto ao trilho. O seu branco refletia a luz que iluminava o nosso caminho. E eu conhecendo já o local, sabia que estávamos no caminho certo.
  • O caminho é como a vida, longo e descontraído, ninguém se importa de percorrê-lo, desde que pudesse fazê-lo ao seu ritmo. As ondas de luz subiam pelos aforamentos rochosos e projetavam a sua sombra como se fossem gigantes deformados. O caminho fica mais estreito e assim a caminhada mais lenta, a aproximação daquele que considero um pequeno encanto escondido na serra da Freita.
  •  
  • Olhando ao redor a paisagem funde o verde com o azul e perde-se no horizonte e a vegetação rasteira ainda proporciona outro espetáculo visto de outro ângulo. Falo da queda de água da Frecha da Mizarela. O Sol reflete-se na queda de água estreita que se precipitava do penhasco, e caia pela ravina tão branca que parecia um véu de noiva. Uma queda de cerca de 70 metros. A nossa situação proporcionava uma vista privilegiada sobre a queda de água. Esta cascata localiza-se em pleno rochedo granítico do planalto da Serra da Freita, a uma altitude de cerca de 900 metros. É alimentada pelas águas do rio Caima, sendo esta uma das mais altas da Europa, excluindo a Escandinávia. Como o granito é mais resistente à erosão fluvial do rio do que a generalidade dos xistos e grauvaques, ao longo do tempo formou-se um assinalável desnível, tendo-se originado a queda de água. Todavia, além da erosão diferencial, considera-se ainda que a orientação dos sistemas de falhas que afetam todo o bloco da Serra da Freita teve influência direta na formação desta escarpa singular. Este rio nasce numa paisagem serena rodeada por uma atmosfera campestre e bucólica onde a natureza se encontra num estado puro. Próximo do local da cascata há um miradouro que permite contemplar esta queda de água, com toda a sua beleza natural, considerado o ex-líbris da serra. A Frecha da Mizarela foi cenário do romance intitulado "Mulheres da Beira", de Abel Botelho, e é um dos pontos incluídos nos percursos das marchas organizadas, nas incursões que se efetuam na área da serra da Freita.
  • Começamos a descer a encosta coberta de castanhos encimados nas pedras de xisto. Tinham sido esculpidos degraus para facilitar a descida que parecia mais longa e íngreme, talhados nas paredes abruptas de rocha, corroída por séculos de vento e chuva. Em alguns pontos tinham tomado formas fantásticas, lembrando seres espirituais vigilantes. O céu apresentava-se sem nuvens, e as sombras eram frias neste local virado a norte com as escarpadas a erguerem-se negras até aos cumes, onde pequenas coroas de gelo brilhavam palidamente a luz. É fantástica esta passagem, mas todo o cuidado é pouco. No traçado do percurso foi criado um, passa mãos para facilitar a passagem num ponto mais estreito e escorregadio. Em certos sítios, a pedra fria e húmida deixava o trilho traiçoeiro mesmo onde se alargava; havia pequenas depressões onde a água se acumulava durante o dia e congelava à noite.
  • Depois de fazermos este pedaço maravilhoso manchado de líquenes de cor clara e contornarmos a encosta surge a nossa frente às paredes de escalada de cabaços e mais acima a aldeia. O caminho começa a descer a encosta na direção de um ribeiro cheio pelas recentes chuvas e o sol não incidia ali nesta época do ano e parecia ter ficado mais frio quase de imediato. Descemos de encontro ao leito da ribeira de cabaços, entalhada na encosta que deslizava até ao rio Caima no fundo do vale. Atravessamos o curso de água, que corria pouco forte mas, ainda vivo e que proporcionou fotos excelentes. Depois de subirmos alguns metros, num caminho íngreme e estreito, que proporcionou uma fila indiana, ficamos defronte das paredes de escalada e ai descansamos e reunimos o grupo.
  • A nossa frente surge as paredes esbranquiçadas, onde se pode praticar escalada desportiva. Diante desta existe um placar onde se pode ler varia informação técnica, é certo que para a maioria de nós pouco dizia.
  • Existem na Serra da Freita três locais equipados para a prática da Escalada Desportiva. As vias encontram-se equipadas com plaquetes, parabolts e tops com corrente e argola ou só de duas argolas sem corrente. Num dos setores, as vias estão equipadas apenas com os Tops. O tipo de rocha que compõe esta zona de escalada é, sobretudo composta por granito, geralmente de grão mais fino e de grande dureza, que provoca algum desgaste nas cordas, mas ótimo para a escalada, devido fendas, saliências e cristais propícios à escalada em aderência.
  • Junto à aldeia de Cabaços, na "Zona dos Cabaços" existem os dois melhores setores de escalada desportiva da serra. O "Setor dos Cabaços de Cima" é composto por 5 vias entre o IV e o V (grau), enquanto o "Setor dos Cabaços de Baixo" conta com 12 vias entre o IV e o 6b+ (grau), mais duas vias foram equipadas mais recentemente. Esta classificação para mim não me diz nada, uma vez que não sou entendido na matéria.
  • Agora na opinião de um entendido que diz: É uma zona ótima para escalar em qualquer época do ano, tranquila e com boa exposição ao Sol. Possui as características necessárias para a aprendizagem da modalidade devido à existência de graus de menor dificuldade. O local permite ainda a montagem de diversos aparelhos e o treino em Manobra de Cordas.
  •  
  • Somos uns privilegiados, a serra da Freita que para nós fica perto possui um sem número de equipamentos que fazem a delícia de qualquer um. Pedestrianismo, amantes da fotografia, biólogos, geólogos ou todo que termine em “logos” encontra aqui um imenso campo de estudo.
  •  
  • A envolvente é bastante agradável, desfrutando-se de uma vista deslumbrante. Gostaríamos de estar cá mais tempo, mas temos que nos fazer ao caminho. Os últimos metros da subida revelaram-se os mais íngremes e traiçoeiros. Pedrinhas soltas rolavam por baixo dos pés e há água que corre encosta abaixo. O muro que nos acompanhou com as pedras cinzentas desgastadas, com manchas brancas de líquenes e barbas de musgo verde, era fantástico. Do outro lado as árvores que se viam estavam despidas, esbranquiçadas e sem vida, dando uso a frase “as árvores morrem de pé”. Era um cenário desolador e triste. Avançamos ao longo do muro até chegar ao local onde a primeira casa da aldeia aparecia Depois de chegarmos ao topo da encosta espera-nos a Aldeia de Cabaços. Mesmo que seja apenas ponto de passagem, ou por uns breves momentos. É impossível não sentir o cheiro intenso dos animais que percorrem livremente a serra. E mesmo nesse dia demos de caras com imponentes bois que percorriam os mesmos caminhos. Viajamos um pouco pelo encanto da aldeia. As casas são construídas em granito e telhados de duas águas em xisto. Nesta região o inverno é muito rigoroso e o verão com temperaturas muito altas e secas. Estas características influenciam a construção das casas: o inverno é muito rígido, assim o granito protege-a do frio, o que permite aos seus moradores, aquece-la por dentro com as lareiras; em contrapartida, no verão a casa conserva-se mais fresca isolando-a do calor. O Homem recorreu à natureza para construir as suas casas. As matérias-primas mais utilizadas seriam o xisto, granito e madeira. O granito é uma rocha formada por três minerais: mica, quartzo e feldspato. É duradouro, bonito e forte e usa-se nas paredes. O xisto é uma rocha sedimentar formada por acumulações de cianofíceas (algas verdes azuladas, fixadoras de nitrogénio). Existe há cerca de 250 milhões de anos. Em linguagem popular é conhecida por lousa. É usado na cobertura das casas onde barrotes de madeira o suportam. Com o tempo estes suportes cedem e dão lugar as curvaturas características dos telhados nas casas destas aldeias. Os muros construídos no passado eram feitos de pedra solta e materiais como sejam os calhaus rolados do rio de granito ou xisto, conforme o local da aldeia. Na Freita existe os dois tipos de construção como há também a mistura dos dois. Por aqui, o tempo parece não ter pressa, as ruas são estreitas e não estão cobertas de alcatrão. Não há sinais com indicação de limite mínimo de velocidade e o máximo é aquele que cada perna conseguir alcançar.
  • Depois de estarmos fora da aldeia e no planalto, tínhamos duas opções: seguirmos o trilho traçado ou avançarmos pelo alcatrão até ao ponto inicial. É óbvio que a maioria optou pelo traçado planeado. O avanço faz-se agora pelo serpentear dos caminhos usados pelos pastores e rebanhos. O trilho é dominantemente coberto por um manto de plantas e arbustos rasteiros e blocos de granito polidos pelo vento. Muito deste trilho aproveita as pequenas linhas de água, que em altura de chuva enchem. Este referido manto vegetal é composto da urze, a giesta, o tojo, a carqueja, para além de muitas outras espécies, que conferem às encostas da Serra, durante a primavera, um intenso colorido amarelo, ou lilás e depois no outono uma paisagem multicor, transformando o agreste serrano numa paisagem de sonho.
  • O pequeno percurso, é agora quase plano, não colocava qualquer esforço a sua progressão. A maior dificuldade era os pequenos galhos que raspavam nos braços e arranhavam as pernas. Não era este pequeno impedimento que nos fazia desistir. Alegremente chegamos a mamoa de Monte Calvo. Um espaço rico em história como já teve oportunidade de referir em ocasiões anteriores. São mamoas datadas do II milénio a. C., na chamada Idade do Bronze e que pertencem ao grupo das sepulturas não megalíticas, ou de tradição megalítica. Protegida por um murete de pedra solta e com uma placa assinalando o local, é tudo o que identifica esta mamoa classificada como Mamoa II de Monte Calvo. No seu interior foi construída uma sepultura em “fossa” - designação atribuída às sepulturas escavadas no solo - recoberta com uma laje megalítica.
  • Aqui descansamos ou simplesmente imaginamos como seria o culto funerário, que os nossos antepassados praticavam. Não sendo arqueólogo, chego a conclusão que o facto de estarmos perante uma sepultura num lugar ermo e alto, acreditavam já que deus habitava os pontos altos.
  • Esta discussão é muito académica, não temos agora tempo para esses tratados. Há um restaurante na Felgueira a nossa espera.
  • Depois de deixarmos as mamoas, não muito longe dali, tínhamos o nosso meio de transporte que nos ia levar ao restaurante Mira Freita, no lugar da Felgueira, já no concelho de Vale Cambra.
  •  
  • Chegamos e entramos para o amplo espaço. Dispusemo-nos pela mesa que nos fora destinada, e não tardou estarmos a dar ao dente nas entradas. O salão ressoava com risos, alegria e outras coisas mais. Se houve dificuldade na caminhada é certo que ficou na serra. O vinho e a carne assada não davam espaço a tristezas e já se trocava gracejos e passamos um tempo agradável.
  •  
  • Foi um verdadeiro espetáculo de alegria e amizade. Aliado à boa comida e ao bom vinho, nada mais havia a fazer do que deixar-nos levar pelos encantos do momento e ingressarmos neste cenário de boa disposição. Se havia tristeza, naturalmente que esta não entrou pela porta e manteve-se de fora.
  •  
  • Com o avançar das horas, já a sala se tinha transformado em alegria. Bom, a amizade não tem preço e foi precisamente isso que se passou. Juntou-se à mesma mesa um grupo de amigos que se divertiram como uma família unida. Foi bom enquanto durou... Tudo esteve bem, correu bem e quem sabe se não voltaremos a repetir?
  •  
  • É por isto, que vale a pena esperar.
  •  
  • Agostinho Santos Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Go to top